Rafaela Ritter
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Um jeito hacker de ser
Algumas palavras ganham o imaginário popular por conta de um intenso uso pela mídia, mas com significados equivocados, quase que opostos aos seus sentidos originais. Para a maioria, os hackers são aqueles nerds que invadem os computadores para roubarem senhas, dinheiro ou realizarem operações fraudulentas. A palavra hacker, contudo, surge no meio dos programadores de computador para designar aqueles que se dedicam com entusiasmo ao que fazem nesse campo. Steven Levy, em um interessante livro sobre a história da computação, afirma que os hackers trabalham de forma aficcionada para “tomar as máquinas em suas mãos para melhorar as próprias máquinas e o mundo”.
Foi o esforço coletivo e colaborativo dessa turma que possibilitou a criação e a presença da internet em quase todo o planeta. No entanto, muito ainda se tem que avançar em termos de políticas públicas para que, de fato, todos as classes sociais tenham acesso a ela. No Brasil, são importantes as ações do governo federal, como o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) e o projeto “Um Computador por Aluno” (UCA), este em implantação em fase piloto, em diversos estados brasileiros. Também merecem destaques as discussões sobre o Marco Civil da Internet e a necessária reforma da Lei de Direito Autoral que, depois da recente consulta pública, deverá ser consolidada e encaminhada ao Congresso.
Iniciativas como essas, contudo, precisam estar acompanhadas de uma reflexão mais profunda sobre os valores éticos contemporâneos. Isso porque não podemos pensar na utilização dessas redes simplesmente com o objetivo de transformar cada cidadão em apenas mais um mero consumidor, seja de produtos ou de informações. Pensar para além dessa estreita lógica do consumo é um desafio cotidiano e tem nos movido a pesquisar sobre a temática da chamada “ética hacker”, expressão cunhada pelo filósofo finlandês Pekka Himanen em livro de mesmo nome.
Nosso pressuposto é que uma nova cultura se estabelece a partir da forma de trabalhar dessa turma, tendo a paixão, o trabalho solidário e colaborativo como elementos socialmente necessários para a construção de um mundo sustentável. Essa forma de trabalhar – exemplarmente representada pelas bem sucedidas iniciativas do movimento software livre com o desenvolvimento do sistema operacional GNU/Linux, da Wikipedia, entre tantos outras – vem demonstrando que a sua motivação reside no alcance social de suas ações. Assim, pensamos a cultura hacker como um novo campo de luta pela socialização dos bens culturais e científicos, a partir do resgate do trabalho colaborativo e apaixonado, do incentivo à circulação plena de ideias e descobertas, do livre acesso ao conhecimento e a intensificação da criação.
A troca permanente de informações e conhecimentos possibilita a implantação de um círculo virtuoso de produção coletiva, inspirado na ideia de que conhecimento e cultura não são bens tangíveis e escassos, que ao serem consumidos se exaurem. Ao contrário, quanto mais eles circulam e são trocados, mais a criação é estimulada. Atribui-se a Bernard Shaw uma excelente frase que serve de metáfora para essa discussão: “Se você tem uma maçã e eu tenho uma maça, e nós trocamos as maçãs, então você e eu teremos uma maça. Mas se você tem uma ideia e eu tenho um ideia, e nos trocamos essas ideias, então cada um de nós terá duas ideias”. Complemento: cada um de nós terá pelo menos duas ideias, pois nada melhor do que a troca de ideias para a criação de muitas outras.
Assim, entretenimento, trabalho, cultura, educação, ciência, tecnologia, enfim, todos os campos podem e devem estar imersos nesses princípios, onde o prazer do fazer seja o grande combustível de todos, tendo a solidariedade, a generosidade e a mobilização colaborativa como forma de pensar e agir na construção de uma sociedade justa e democrática. Assumir na sua plenitude o nosso ativista jeito hacker de ser constitui-se uma atitude política de inserção social nessa rede.
Enviado para o jornal A Tarde em 17.10.2010.
Publicado em 25.10.2010, pag. 02.
Página do jornal, em pdf.
Replicado no jornal da Ciência Hoje on line.
O que é Software Livre
Software Livre, ou Free Software, é o software que pode ser usado, copiado, estudado, modificado e redistribuído sem restrição. A forma usual de um software ser distribuído livremente é sendo acompanhado por uma licença de software livre (como a GPL ou a BSD), e com a disponibilização do seu código-fonte.
Software Livre é diferente de software em domínio público. O primeiro, quando utilizado em combinação com licenças típicas (como as licenças GPL e BSD), garante os direitos autorais do programador/organização. O segundo caso acontece quando o autor do software renuncia à propriedade do programa (e todos os direitos associados) e este se torna bem comum.
O Software Livre como movimento organizado teve início em 1983, quando Richard Stallman (foto acima) deu início ao Projeto GNU e, posteriormente, à Free Software Foundation.
Software Livre se refere à existência simultânea de quatro tipos de liberdade para os usuários do software, definidas pela Free Software Foundation. Veja abaixo uma explicação sobre as 4 liberdades, baseada no texto em português da Definição de Software Livre publicada pela FSF:
As 4 liberdades básicas associadas ao software livre são:
- A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito (liberdade nº 0)
- A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo para as suas necessidades (liberdade nº 1). Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade.
- A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao seu próximo (liberdade nº 2).
- A liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie (liberdade nº 3). Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade.Um programa é software livre se os usuários tem todas essas liberdades. Portanto, você deve ser livre para redistribuir cópias, seja com ou sem modificações, seja de graça ou cobrando uma taxa pela distribuição, para qualquer um em qualquer lugar. Ser livre para fazer essas coisas significa (entre outras coisas) que você não tem que pedir ou pagar pela permissão, uma vez que esteja de posse do programa.
Você deve também ter a liberdade de fazer modifcações e usá-las privativamente no seu trabalho ou lazer, sem nem mesmo mencionar que elas existem. Se você publicar as modificações, você não deve ser obrigado a avisar a ninguém em particular, ou de nenhum modo em especial.
A liberdade de utilizar um programa significa a liberdade para qualquer tipo de pessoa física ou jurídica utilizar o software em qualquer tipo de sistema computacional, para qualquer tipo de trabalho ou atividade, sem que seja necessário comunicar ao desenvolvedor ou a qualquer outra entidade em especial.
A liberdade de redistribuir cópias deve incluir formas binárias ou executáveis do programa, assim como o código-fonte, tanto para as versões originais quanto para as modificadas. De modo que a liberdade de fazer modificações, e de publicar versões aperfeiçoadas, tenha algum significado, deve-se ter acesso ao código-fonte do programa. Portanto, acesso ao código-fonte é uma condição necessária ao software livre.
Para que essas liberdades sejam reais, elas tem que ser irrevogáveis desde que você não faça nada errado; caso o desenvolvedor do software tenha o poder de revogar a licença, mesmo que você não tenha dado motivo, o software não é livre.
FONTE:
http://br-linux.org/faq-softwarelivre/Aprovado projeto que prioriza compra SOFTWARE LIVRE na administração pública
A Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 24, a proposta que garante preferência para software livres na contratação de bens e serviços de informática pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e os municípios. A medida consta de substitutivo da deputada Luiza Erundina (PSB-SP) ao Projeto de Lei 2269/99, do deputado Walter Pinheiro (PT-BA), e outros seis apensados.
Pelo texto, software livre é definido como aquele que garante a qualquer usuário, sem custos adicionais, a execução do programa para qualquer fim, a redistribuição de cópias, o estudo de seu funcionamento, permitindo a sua adaptação às necessidades do usuário, seu melhoramento e a publicação dessas melhorias, e o acesso ao código fonte.
Para a relatora, a adoção de software livre possui três objetivos: aumentar a competitividade da indústria nacional de software, oferecer condições de capacitação para trabalhadores do setor e diminuir o gasto público com o licenciamento de programas de computador. “Estima-se que o Estado, em todos os seus níveis, gaste cerca de 2 bilhões de dólares por ano com pagamento de aluguel de licenças de programas-proprietários”, afirmou Erundina.
O substitutivo altera a Lei de Licitações (Lei 8.666/93). Segundo a lei, para a contratação de bens e serviços de informáticas, a administração deve adotar obrigatoriamente a licitação do tipo “técnica e preço”. A proposta estabelece que, adicionalmente, a administração deverá observar a preferência a programas de computador livres e com formatos abertos de arquivos.
Pelo texto, software livre é definido como aquele que garante a qualquer usuário, sem custos adicionais, a execução do programa para qualquer fim, a redistribuição de cópias, o estudo de seu funcionamento, permitindo a sua adaptação às necessidades do usuário, seu melhoramento e a publicação dessas melhorias, e o acesso ao código fonte.
Para a relatora, a adoção de software livre possui três objetivos: aumentar a competitividade da indústria nacional de software, oferecer condições de capacitação para trabalhadores do setor e diminuir o gasto público com o licenciamento de programas de computador. “Estima-se que o Estado, em todos os seus níveis, gaste cerca de 2 bilhões de dólares por ano com pagamento de aluguel de licenças de programas-proprietários”, afirmou Erundina.
O substitutivo altera a Lei de Licitações (Lei 8.666/93). Segundo a lei, para a contratação de bens e serviços de informáticas, a administração deve adotar obrigatoriamente a licitação do tipo “técnica e preço”. A proposta estabelece que, adicionalmente, a administração deverá observar a preferência a programas de computador livres e com formatos abertos de arquivos.
Conforme o texto, formato aberto de arquivo é aquele que: possibilita a comunicação entre aplicativos e plataformas; pode ser adotado sem quaisquer restrições ou pagamento de direitos; pode ser implementado de forma plena e independente por distintos fornecedores de programas de computador, em múltiplas plataformas, sem qualquer remuneração relativa à propriedade intelectual. A contratação de programas-proprietários só ocorrerá no caso de “justificada inadequação” do software livre. Neste caso, a avaliação das propostas deverá considerar os custos totais, incluindo instalação, licenciamento, instalação e suporte.
A proposta, que tramita em caráter conclusivo, será apreciada ainda pelas comissões de Trabalho, Administração e Serviço Público; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. As informações são da Agência Câmara.
FONTE: http://softwarelivre.ceara.gov.br/noticias/aprovado-projeto-que-prioriza-compra-software
FONTE: http://softwarelivre.ceara.gov.br/noticias/aprovado-projeto-que-prioriza-compra-software
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
O que são Redes Sociais Virtuais Federadas?
A grande coisa sobre sistemas federados é que qualquer um pode participar. Qualquer pessoa, empresa ou organização pode possuir um site e fazer parte da Web. Qualquer pessoa ou empresa pode possuir e executar o seu servidor de e-mail.
Além disso, detalhes de implementação são escondidos, e sob seu controle. Ninguém precisa se preocupar sobre como funciona seu servidor de e-mail. Suas escolhas de como executar o seu e-mail (Gmail? Sistema de email da empresa? Seu próprio site vaidoso? E-mail ISP?) São vastas. Preços por e-mail são baixíssimos porque há muita concorrência.
Há outras grandes coisas sobre sistemas federados. Eles são extremamente robustos. Eles incentivam a inovação técnica. Eles são mais seguros.
Mas as nossas tecnologias de redes sociais atuais não funcionam assim, não mesmo. Do ponto de vista de um site de rede social típico, se você não tiver uma conta no site, você não existe. A única maneira dos seus amigos naquele site interagirem com você é convidando você a participar do site. Apesar do fato de que existem centenas de outros sites de redes sociais na internet, quase todos funcionam como se não houvesse nenhuma outra rede social na Web.
Fonte: http://softwarelivre.org/aurium/blog/o-que-sao-redes-sociais-virtuais-federadas
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
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